Audiobook é alternativa para quem não gosta de ler
Não é mais mistério que o brasileiro está entre os povos que menos leem no mundo. E as razões são muitas, conforme se verá mais adiante. Mas o audiobook é alternativa para quem não gosta de ler e pode resolver o problema.
Antes de mais nada, é preciso dizer que a questão não se resume a não gostar. O próprio Google (e você vai ter que ler para saber disso…) aponta algumas razões desse baixo índice de leitura.
A falta de tempo aparece como o principal motivo apontado por quem não lê, “seja por causa do trabalho, trânsito, cuidados com a casa ou filhos”.
Falta de estímulo é o segundo motivo apontado e a formação deficiente em língua portuguesa seria o terceiro motivo.
Outra questão seria o custo monetário, uma vez que o livro no Brasil é muito caro. E, nesse caso, poderíamos indagar: o livro é caro mesmo ou são os brasileiros que ganham muito mal?
Mas o que existe mesmo é um número imenso de pessoas que não leem por simples desinteresse. E esse desinteresse pode resultar de inúmeras razões.
Suassuna e a teoria em torno da extinção do livro
Ler está longe de ser uma simples escolha ou preferência pessoal. É, na verdade, uma necessidade. Que nunca vai deixar de existir.
O escritor Ariano Suassuna conta uma história que provoca gargalhadas em quem ouve.
Ele conta que sempre achou sem nenhum sentido uma das afirmações do teórico, professor e filósofo canadense Marshall McLuhan.
McLuhan, que sempre foi muito citado e até reverenciado nas faculdades de Jornalismo, teria dito que o livro seria extinto em decorrência do surgimento da televisão.
Para Ariano Suassuna (já falecido), a teoria lhe pareceu mais estúpida ainda quando ele soube que McLuhan fez essa previsão em um dos seus livros.
E não resistiu à ironia: como pode alguém que prevê a extinção do livro com o surgimento da televisão expor essa teoria exatamente em um… livro?
E indagou: se ele achava isso, por que não expôs essa suposta previsão pela televisão, em vez de se valer exatamente de um meio impresso (um livro) para alardeá-la?
Alternativa para quem não gosta de ler não vai faltar
Nos últimos anos, o mercado de audiobooks no Brasil tem mostrado sinais de expansão, mesmo diante do baixo índice de leitura no país.
Dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil revelam que apenas 52% da população afirma ter lido ao menos um livro nos últimos 12 meses.
Esse cenário desfavorável para o mercado editorial tradicional apresenta desafios, mas também oportunidades, especialmente para formatos inovadores, como os audiobooks.
Expectativas e crescimento do audiobook como alternativa para quem não gosta de ler
O mercado de audiobooks global tem experimentado um crescimento significativo, e o Brasil não é exceção.
Segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL), o segmento registrou um aumento nas vendas e assinaturas, especialmente durante a pandemia, quando o consumo de conteúdo digital cresceu exponencialmente.
Plataformas como Audible, Storytel e Ubook têm investido no mercado brasileiro, oferecendo catálogos variados que incluem tanto best-sellers quanto obras de autores independentes.
Esse crescimento é impulsionado por mudanças no comportamento dos consumidores, que buscam formatos mais acessíveis e compatíveis com suas rotinas.
O audiobook permite que o usuário consuma literatura enquanto realiza outras atividades, como dirigir ou praticar exercícios, ampliando o alcance do público.
Valer-se de um audiobook enquanto dirige pode ser uma atitude temerária, pois o trânsito exige atenção constante para não causar acidentes.
Mas “ler” ao volante passou a ser um hábito comum por parte de quem não consegue ler por falta de tempo, que seria uma das razões do baixo índice de leitura no Brasil.
O que você acha disso?
Deixe a sua opinião abaixo do nosso artigo. E ainda nos diga: você tem o hábito de ler? Com que frequência?
Comportamento do mercado produtor de audiobooks
Produtoras e editoras têm demonstrado interesse crescente em investir no formato de audiobooks.
Editoras como Companhia das Letras e Record têm expandido seus catálogos para incluir versões em áudio de suas principais publicações.
A produção de audiobooks, no entanto, exige um investimento inicial significativo, envolvendo a contratação de narradores profissionais, estúdios de gravação e edição de áudio.
Apesar dos custos, muitas editoras consideram essa diversificação essencial para alcançar novos públicos e gerar receita adicional.
Há também uma tendência crescente de utilização de tecnologia, como inteligência artificial, para narrativas automatizadas.
Embora essa abordagem reduza custos, ela enfrenta críticas por não oferecer a mesma qualidade e experiência imersiva que uma narração profissional.
Receptividade do consumidor
A receptividade dos consumidores brasileiros tem sido positiva, especialmente entre os mais jovens e aqueles com rotinas ocupadas.
Segundo dados do relatório Global Audiobook Trends, 54% dos brasileiros que consomem audiobooks o fazem regularmente, sendo que muitos relatam preferir o formato por sua praticidade.
Os audiobooks têm se mostrado particularmente populares em gêneros como autoajuda, biografias e ficção, com títulos como O Poder do Hábito e A Sutil Arte de Ligar o Fda-se* entre os mais ouvidos.
Esse formato também tem ajudado a popularizar obras clássicas, como Dom Casmurro, de Machado de Assis, e 1984, de George Orwell, alcançando um público que talvez não optasse por lê-las.
Avaliação de custos e investimentos
Apesar do potencial de crescimento, os altos custos de produção ainda representam uma barreira.
A produção de um audiobook pode custar entre R$ 5.000 e R$ 30.000, dependendo da complexidade da obra e da necessidade de efeitos sonoros.
Para muitas editoras, o retorno sobre esse investimento ainda é incerto, especialmente se considerarmos que o mercado de audiobooks no Brasil é relativamente novo e enfrenta desafios de consolidação.
Ainda assim, empresas como Storytel e Audible têm apostado no modelo de assinatura, o que permite aos consumidores acesso ilimitado a uma vasta biblioteca por um preço fixo mensal.
Esse modelo tem se mostrado eficaz para atrair usuários, reduzindo a barreira de entrada e incentivando a experimentação.
Aceitação e rejeição
Embora o formato tenha sido bem recebido, não é isento de críticas.
Alguns consumidores ainda preferem o formato físico ou o digital (e-book), argumentando que a leitura tradicional oferece uma experiência mais profunda e menos sujeita a distrações.
Além disso, há aqueles que relatam dificuldade em se concentrar ao ouvir audiobooks, especialmente em narrativas mais complexas.
Por outro lado, há demonstrações de aceitação crescente, especialmente entre pessoas com dificuldades de leitura ou deficiência visual, para quem os audiobooks são uma ferramenta essencial de inclusão.
A acessibilidade é um dos principais pontos positivos destacados pelos defensores do formato.
Exemplos de sucesso
Alguns exemplos ilustram o sucesso dos audiobooks no Brasil.
A Ubook, uma das pioneiras no mercado nacional, relatou um aumento de 30% em sua base de assinantes nos últimos dois anos.
Livros como A Revolução dos Bichos (também de George Orwell), narrado por artistas renomados, têm alcançado grande sucesso, mostrando que há um apelo tanto em títulos clássicos quanto contemporâneos.
A plataforma Tocalivros também vem ganhando espaço, apostando em narrativas exclusivas e conteúdos diferenciados, como entrevistas com autores e adaptações dramáticas de obras literárias.
Potencial promissor num mercado de poucos leitores
A conclusão, portanto, é de que há um mercado promissor para os audiobooks em um país que, comprovadamente, apresenta um baixo índice de leitura.
Embora ainda enfrente desafios, o mercado de audiobooks no Brasil está em expansão, o que representa boa perspectiva para editoras e produtoras.
O formato atende à demanda por conteúdos mais acessíveis e adaptáveis às rotinas modernas, ajudando a aproximar novos públicos da literatura.
Com investimentos contínuos e a adaptação às preferências dos consumidores, o futuro dos audiobooks no Brasil tem boas chances de sucesso.
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