Seja o primeiro Nobel brasileiro de Literatura
Sua obra literária é de qualidade e se destaca pela originalidade? Você conseguiu passar aos leitores força emocional e seu livro é capaz de exercer influência na literatura mundial e comprovar valor universal? Então, seja o primeiro Nobel brasileiro de Literatura.
Não é tão simples assim, não é mesmo? E outra pergunta: poder político tem alguma influência na escolha?
O Prêmio Nobel de Literatura foi criado em 1901 e o primeiro laureado foi o francês Sully Prudhomme, do grupo de poetas parnasianos e membro da Academia Francesa de Letras desde 1881. Ele nasceu em 1839 e morreu em 1907, aos 68 anos.
O fato de o Brasil nunca ter sido agraciado com o Nobel de Literatura (e, de resto, com nenhum Prêmio Nobel) é, muitas vezes, atribuído às dificuldades da Língua Portuguesa.
Mas, em 1998, o português José Saramago quebrou essa crença. Embora, não custa lembrar, até hoje foi o único Autor em Língua Portuguesa e receber essa honraria da Academia Sueca que faz a premiação.
Já mencionamos, em recente artigo, que o mais destacado escritor brasileiro, Machado de Assis, que morreu em setembro de 1908, merecia ter recebido as honras do Nobel, por sua genialidade incontestável.
Por coincidência, Machado de Assis nasceu exatamente no mesmo ano que Sully Prudhomme e morreu um ano e 23 dias depois que o escritor francês.
Como o Nobel e Literatura havia sido instituído apenas 7 anos antes da morte de Machado, pode-se dizer que não houve tempo suficiente para que sua monumental obra fosse apreciada. Ainda assim, ele mereceria um prêmio post mortem por tudo o que representou, e ainda representa, para a literatura brasileira e universal.
Outra questão que surge é se a política interfere na premiação. Ou seja: se a importância política do país do escritor interfere na votação. E se um escritor até então considerado desconhecido internacionalmente obteve o prêmio.
A Academia Sueca, de fato, surpreendeu com o anúncio de nomes que, até o dia da premiação, eram pouco conhecidos internacionalmente. Mas não se pode dizer que são nascidos em países pouco expressivos politicamente.
Eis alguns deles:
O francês Patrick Modiano ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2014 por seu trabalho que explora a memória, a história e a identidade francesa. Ele nasceu na França em 1945.
Em 2011, Tomas Tranströmer foi laureado por sua poesia, que “proporciona uma imagem fresca, límpida e incisiva da realidade”. O poeta nasceu na Suécia, em 1931.
Outro dos até então desconhecidos é Mo Yan, nascido na China em 1955 e premiado com o Nobel de Literatura em 2012 por seu trabalho que mescla o realismo com o fantástico e explora a vida rural na China.
Certamente um até então desconhecido e que nasceu em um país identificado mais pelo turismo, não exatamente pelo poder político, foi Naguib Mahfouz. Nascido no Egito em 1911, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1988 por seu trabalho retratando a vida no Cairo e as mudanças na sociedade egípcia ao longo do tempo.
Outros anúncios que causaram certa surpresa:
Imre Kertész – Nasceu na Hungria em 1929 e ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2002 por sua obra abordando a experiência do Holocausto e a condição humana.
Wisława Szymborska – Nasceu na Polônia em 1923 e ganhou o Nobel em 1996 por sua poesia sobre a existência humana, a fragilidade da vida e a importância da solidariedade.
Octavio Paz – Nascido no México em 1914, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1990 por sua poesia e ensaios que exploram temas como a identidade mexicana, a liberdade e a criatividade.
Se é poeta ou escritor, seja o primeiro Nobel brasileiro de Literatura
Pelos nomes que apresentamos até agora, fica evidente que poetas também têm merecido a láurea. E há até quem acabou por rejeitá-la.
É o caso recente de Bob Dylan, que provocou muita repercussão não apenas pela escolha como por sua recusa em ir receber o Nobel de Literatura.
A concessão do Prêmio Nobel de Literatura a Bob Dylan em 2016 gerou algumas controvérsias e questionamentos sobre a escolha.
Dylan é cantor, compositor e músico americano, e sua seleção foi vista por muitos como um desvio do perfil tradicional dos laureados do Prêmio Nobel de Literatura.
A Academia Sueca, responsável pela seleção do vencedor, afirmou que a escolha de Dylan se deu por “ter criado novas expressões poéticas dentro da grande tradição da canção americana”.
Segundo a Academia, a obra de Dylan é “um exemplo brilhante de como a tradição da poesia pode ser renovada com as formas populares”.
Houve críticos que elogiaram a escolha, argumentando que a obra de Dylan tem sido influente não apenas na música, mas na literatura e na cultura em geral.
Mas há quem tenha questionado a premiação, argumentando que o Nobel de Literatura deveria ser concedido exclusivamente a escritores, poetas e dramaturgos, e que a escolha de Dylan representava um desvio da tradição.
Independentemente das opiniões divergentes, a concessão do Prêmio Nobel de Literatura a Bob Dylan continua sendo um marco histórico na premiação e reconhecimento de um artista que rompeu fronteiras e teve uma influência significativa na cultura popular e na arte em geral.
Influência política no Prêmio Nobel
Se a política pode suscitar dúvidas quanto a conceder prêmios, não resta dúvida de que pode tirá-los.
De fato, é difícil separar completamente a escolha dos vencedores do Prêmio Nobel de Literatura da influência política e ideológica.
O Comitê Nobel, que é responsável pela seleção dos vencedores, é composto por membros nomeados pelo Parlamento da Suécia. E sua decisão pode ser influenciada por fatores como as crenças políticas e culturais dos membros do comitê, assim como por considerações políticas e diplomáticas.
Houve vários casos em que a escolha do vencedor foi vista como controversa ou politizada.
Por exemplo: em 1958, o escritor russo Boris Pasternak foi premiado, mas acabou não recebendo o prêmio por pressão do governo soviético, que considerava sua obra crítica ao regime.
Na Rússia, Pasternak é mais conhecido como poeta do que como romancista.
Seu livro Dr. Jivago, que foi versado para o cinema e fez grande sucesso, não teve o mesmo destino na antiga União Soviética, por motivos também políticos.
Da mesma forma, em 1975, o escritor soviético Aleksandr Solzhenitsyn foi premiado, mas o governo soviético considerou a decisão uma provocação e o expulsou do país.
Mais recentemente, a escolha de alguns vencedores tem gerado críticas por razões políticas.
Em 2019, o prêmio foi concedido a Peter Handke, escritor austríaco que havia expressado apoio ao regime de Slobodan Milošević na antiga Iugoslávia e negado o massacre de Srebrenica. A escolha foi criticada por muitos, devido às suas posições políticas controversas.
Em síntese, embora o Prêmio Nobel de Literatura seja, supostamente, concedido com base na qualidade literária e na contribuição para a literatura mundial, a influência política e ideológica não pode ser completamente descartada.
Famosos laureados com o Nobel
Eles não precisam de fama: já são famosos.
Desde a sua criação, em 1901, o Prêmio Nobel de Literatura já foi concedido a diversos escritores notáveis, de diferentes partes do mundo. Alguns dos laureados mais conhecidos são:
Ernest Hemingway (1954): autor americano, conhecido por suas obras que exploram temas como guerra, amor e morte, incluindo O Velho e o Mar e Por Quem os Sinos Dobram.
Gabriel Garcia Márquez (1982): escritor colombiano, famoso por seus livros que misturam realidade e fantasia, como Cem Anos de Solidão e O Amor nos Tempos do Cólera.
Toni Morrison (1993): autora americana, cujos livros frequentemente abordam temas como raça e identidade, incluindo Amada e Paraíso.
Kazuo Ishiguro (2017): escritor britânico, conhecido por suas histórias emotivas e contemplativas, como Os Vestígios do Dia e Não Me Abandone Jamais.
Na lista de laureados notáveis podemos incluir ainda Rudyard Kipling, George Bernard Shaw, Albert Camus, Samuel Beckett, Octavio Paz, Doris Lessing, Chinua Achebe, Mario Vargas Llosa, Alice Munro, Haruki Murakami e Olga Tokarczuk.
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