A eternidade dos livros
Os escritores são mortais, apesar de a Academia Brasileira de Letras designar como imortais os escritores eleitos para vestir o fardão. Mas a eternidade dos livros é incontestável.
Curiosamente, o livro mais antigo do mundo, que existe até hoje, é conhecido como o Livro dos Mortos.
Os textos que o compõem eram escritos em papiro ou em paredes de tumbas, muitas vezes acompanhados de ilustrações coloridas, que retratavam cenas do além-túmulo.
Segundo os historiadores, o Livro dos Mortos foi encontrado em diversas tumbas egípcias.
Consta que o exemplar mais antigo é datado do século XVI a.C., pertencente ao faraó Seqenenre Tao II.
Conhecido também como Ritual de Saída da Luz, o Livro dos Mortos é uma coleção de textos funerários do antigo Egito.
O livro surgido no Egito deu início à eternidade dos livros
O livro mais antigo não é atribuído a um autor. Consiste em uma compilação de escritos criados por diferentes escribas ao longo de vários séculos, durante o período do Antigo Egito.
O conteúdo do Livro dos Mortos é composto de uma série de feitiços, orações e instruções destinadas a auxiliar o falecido em sua jornada após a morte e garantir uma vida após a morte bem-sucedida.
Acredita-se que esses textos desempenhavam um papel importante nos rituais funerários egípcios, fornecendo orientações sobre como superar os perigos e obstáculos encontrados no submundo e alcançar a vida eterna.
A prova da eternidade dos livros
A julgar por esses dados históricos, reafirma-se a convicção quanto à eternidade dos livros como forma de expressão humana.
Ao escritor e roteirista norte americano George Raymond Richard Martin, mais conhecido como George R.R. Martin, é atribuída a frase segundo a qual, por meio da literatura, “podemos viver várias vidas em uma só”.
Nascido em 1948, GRRM, como também é conhecido, escreve sobre ficção científica. E nunca ganhou, por exemplo, um prêmio Nobel.
Mas a revista Time já o incluiu, em 2011, na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Essa coincidência entre o título do livro mais antigo do mundo e a frase de um apaixonado por ficção científica, quanto a se poder viver várias vidas em uma só, a partir da leitura de um livro, pode servir para lançar um ar de credibilidade acerca da eternidade dos livros.
Mas não é preciso visitar tumbas no Egito nem conversar com George R.R. Martin para se convencer disso. Basta olhar em volta.
PCs envelhecem e os livros permanecem vivos, mesmo que sejam antigos
Desde os escritos em papiro, passando pela invenção da Imprensa, por Gutenberg, no século XV, até os dias de hoje, nunca a chamada humanidade teve tantas formas de se expressar como na atualidade, que é vista como a era da internet.
Antes da internet surgiram os gravadores de rolo, que ninguém mais usa em casa, mas já esteve na moda.
Vieram também as chamadas fitas cassete; depois as fitas maiores, que passaram a ser usadas nos aparelhos de vídeo. Que, por sua vez, também se transformaram em coisa do passado.
Popularizado o uso do computador pessoal, o PC, surgiram os disquetes, os CDs, os DVDs, os HDs e vários recursos do que seriam mídias seguras para – supostamente – eternizar a duração das mensagens gravadas pelas novas tecnologias.
A capacidade de os livros se eternizarem, ainda assim, sobrevive a toda essa modernidade.
Armazenamento eletrônico não tem tempo certo
Não se sabe ao certo, ainda, por quanto tempo um disco de CD ou de DVD é capaz de funcionar corretamente.
Mas não resta dúvida de que, se alguém pegar um antigo disquete, poderá ter uma enorme decepção ao constatar que ele não funciona mais.
Ou que não é mais possível visualizar o que foi gravado nele. Ainda que algum computador de museu ainda disponha de um drive para tentar fazer a leitura dessa ultrapassada mídia de armazenamento.
Hoje, quem assiste a vídeos na internet não sabe o que será deles caso o Autor, ou criador, venha a partir da atual existência.
Daqui a cem ou duzentos anos ainda estarão lá?
Vai depender da decisão da plataforma.
Quem publica artigos, em um site ou blog, paga anuidades ou mensalidades pelo domínio e pela hospedagem.
Cessados esses pagamentos, o site sai do ar.
E desaparecem as mensagens e tudo o mais que foi criado e publicado.
A menos que se transformem em livros…
São eternas as bibliotecas?
Com toda essa evolução tecnológica, fica difícil imaginar, mesmo nos dias atuais, um mundo sem bibliotecas.
Bem como de bibliotecas sem pessoas circulando em busca de livros.
É uma invenção que resiste ao tempo.
É a eternidade dos livros, que tantas vezes sobrevive nos chamados sebos.
Desde que mofo, cupins e outras pragas sejam mantidos afastados.
Ou então, como teria dito o escritor e cientista Carl Sagan, “os livros são a prova de que os seres humanos podem fazer magia”.
Magia no conteúdo.
E no formato, inigualavelmente atraente para muitos leitores e leitoras.
Da era dos faraós até os dias atuais.
E mais além.
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