Como escrever um livro sem saber Português?
Quando perguntamos como escrever um livro sem saber Português, evidentemente estamos fazendo uma provocação. Mas, do jeito que nosso idioma tem sido massacrado já há algum tempo, acaba não sendo uma pergunta tão despropositada como parece.
Talvez seja possível escrever um livro sem saber Português… se você for versado em outro idioma. Ou então escrever apenas um livro, arriscando-se a não ter chance de escrever o segundo.
A razão disso é evidente: ninguém vai conseguir aceitar um segundo livro de sua autoria.
Brincadeiras à parte, temos que admitir: a situação está muito séria. E, para não dizerem que estamos exagerando, vamos ilustrar este artigo com imagens de alguns dos erros mais absurdos com os quais nos deparamos diariamente.
Estamos mostrando a seguir (sem revelar o nome do autor da proeza) um caso muito frequente: as pessoas não sabem mais sequer (ou nunca aprenderam) o que é um verbo no infinitivo.
É também inacreditável o número de pessoas que não conseguem entender, por mais que se explique, a diferença entre mas e mais.
Já passamos pela experiência de mostrar de forma bem clara a essas pessoas que mais dá a entender acréscimo, e mas é quando a expressão pode ser substituída na frase por algo como porém.
Veja que não tocamos em um termo pelo qual todos (ou quase todos) sofrem de ojeriza: gramática.
A propósito, a antipatia pela gramática, por grande úmero de pessoas, foi o ponto de partida para o e-book que escrevemos (veja mais adiante) em parceria com uma antiga componente de nossa equipe, que, felizmente, conhece bem o nosso idioma.
Nosso sonho é encontrar uma pessoa que escreva como ela: textos que podem ser publicados sem precisarem de revisão.
Não estamos defendendo aqui um falar e escrever perfeito. A Língua Portuguesa tem suas dificuldades, é preciso reconhecer.
Vez ou outra nos deparamos com uma dúvida. Mas a internet, hoje, é um repositório de esclarecimento instantâneo.
Até há algum tempo, precisávamos abrir volumosas gramáticas (ah!… as gramáticas), folhear as páginas ou vasculhar o sumário para encontrar respostas para nossas dúvidas.
Hoje, nem isso precisa. Basta escrever errado que a internet nos atira na cara que estamos errando: Você quis dizer…
Ou então basta perguntar: é assim… ou assado (não use cedilha neste caso, por favor…)
Vamos, então, à primeira causa: preguiça.
Isto mesmo: o brasileiro padece de uma preguiça atroz.
Senta-se diante da TV para assistir aos bbbs da vida, de maneira a aprender ainda menos.
Ou para desaprender aquilo que nunca estudou.
E não lê.
Chegamos ao ponto crucial.
Se não gosta de gramática, pode se dar ao luxo de esquecê-la.
Mas, por gentileza: leia. Nem que sejam duas ou três páginas de um bom livro.
Não vai doer. Garantimos.
Não gosta de Machado de Assis?
Que seja. Mas procure ler antes, para saber se não é apenas ranço tendo por base o que ouviu dizer.
Ou o que sempre achou sem nunca ter lido.
Ou comece por O Alienista, um genial estilo que um escritor visionário, como Machado, que morreu no distante ano de 1908, já àquela época explorava com habilidade, abusando da realidade fantástica, tão bem lapidada por outros escritores igualmente geniais, como Gabriel Garcia Marquez.
Vamos repetir: você não precisa ser um Machado de Assis. Basta não ferir os ouvidos alheios com frases absurdas.
Nem escrever xuva à moda Xuxa.
Leia e escreva um pouquinho. Pode escolher o livro que quiser. É melhor do que nada.
Você costuma tomar remédio? Mesmo que seja amargo?
Pois é: comece a consumir boa literatura em doses pequenas.
Garantimos que não é a mesma coisa que os remédios amargos.
Remédios, às vezes, matam. Literatura, não.
Nem é preciso exagerar, para não passar mal com o excesso de doses.
Ler três páginas por dia é melhor do que nada, insistimos.
Mas, por favor: não assassine o Português.
Do jeito que as coisas estão, daqui a pouco vai ter que ser considerado crime.
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