Não confie em todos os revisores e nos corretores

O processador de textos Word melhorou bastante nas últimas edições. Mas não confie em todos os revisores e nos corretores.

Não confie em todos os revisores e nos corretores

Há algum tempo, os veículos de comunicação impressos não eram dotados de computadores pessoais, simplesmente porque eles ainda não existiam.

O repórter escrevia as matérias usando máquinas de datilografia e, antes da publicação, elas passavam pelo setor de revisão.

Os jornalistas mais atentos ao vernáculo costumavam enfrentar dissabores nos jornais em que os revisores eram contratados sem os devidos critérios de qualidade.

Logo que surgiu a profissão de revisor, eram contratados escritores renomados. E o trabalho era feito por mais de uma pessoa.

Um profissional lia as mensagens e o outro revisava “conforme o original”.

Ou seja: a revisão ficava atenta a possíveis erros de digitação. Corrigir o Português e até mesmo reescrever ou complementar textos eram atribuições do que passou a ser chamado de copidesque (do Inglês copy desk).

No entanto, muitos revisores  acabavam, sem conhecimento do idioma, atribuindo a si próprios a copidescagem, como se dizia.

Não confie em todos os revisores e nos corretores sem conferir

Como jornalista, passei por algumas contrariedades. E posso recomendar que você não confie em todos os revisores e nos corretores de um modo geral.

Certa vez, numa reportagem sobre investigação policial, mencionei o termo perito. Sem sequer conhecer o significado da palavra, o revisor trocou por perigo. Algo que eu vim a constatar apenas quando a matéria já estava publicada. E assinada por mim.

Imaginem que lógica poderia ter uma frase como essa, a título de exemplo: “Um perigo renomado foi contratado para descobrir as causas da morte das vítimas…”

Atualmente, a contrariedade ocorre diante dos corretores ortográficos, quando escrevemos uma mensagem no famoso WhatsApp. Daí minha insistência para que não se confie em todos os revisores e corretores.

O que mais ocorre é que uma expressão incorreta pode até ser mantida. Ou trocada por outra que não faz o menor sentido na frase.

Ou então um verbo conjugado ser substituído pelo infinitivo. Ou algo do tipo, que torne a frase – no mínimo – esquisita, para não dizer incorreta gramaticalmente.

E, novamente, apenas constatamos a substituição indevida depois que a mensagem já foi enviada.

Não confie em todos os revisores e nos corretores dos celulares

A ausência da etapa da revisão não melhorou o uso do vernáculo. Em muitos casos, tem apenas piorado.

Porque, sejamos sinceros, nem todo jornalista sabe escrever. Ainda mais depois que a legislação dispensou o profissional de fazer um curso de jornalismo.

Quando lecionei jornalismo durante 10 anos numa Universidade, uma das matérias era conhecida como Redação e Expressão Oral.

Inicialmente, constava como Língua Portuguesa VII, porque era lecionada para os alunos já no sétimo semestre, de um total de oito.

Ou seja: o aluno estava prestes a se formar e, ainda assim, cometia erros inacreditáveis.

E a função da disciplina que eu lecionava nem era a de corrigir o Português, mas sim a de ministrar aos alunos a técnica de escreverem em linguagem adaptada ao Jornalismo.

Não confie em todos os revisores e nos corretores do whatsapp

Isto porque, evidentemente, a linguagem jornalística difere da linguagem literária em vários aspectos. Bem como de um linguajar eminentemente técnico, que exija conhecimento prévio da matéria pelo eventual leitor.

Costumamos dizer que ninguém conhece o Português cem por cento, devido a algumas complexidades do idioma.

Ou seja, alguns erros ou deslizes podem até ser perdoáveis.

Mas o que ocorre hoje é um verdadeiro desastre linguístico, tal o número de descalabros com que nos deparamos, diariamente, ao ler o noticiário.

Muitas reformas ortográficas já foram feitas no Português. Uma das piores, a nosso ver, foi a mais recente delas, até o momento em que resolvi publicar este texto.

Eu inclusive publiquei um artigo sobre a mais recente reforma, que divulgaremos oportunamente (estamos tentando localizá-lo em nosso extenso arquivo).

Erros de concordância, entre inúmeros outros, são comuns nas matérias jornalísticas da atualidade. Erros de crase, então, nem se fala.

Eu me indago a todo instante por qual razão aboliram o acento diferencial e não aboliram a crase.

O acento diferencial, a nosso ver, é muito mais útil do que a crase, porque muda o sentido da frase e permite ao leitor descobrir o verdadeiro sentido da expressão.

Querem ver um exemplo? Pão de forma (antigo pão de fôrma) perdeu o diferencial. E isso, evidentemente, possibilita que uma criança em fase de aprendizado pronuncie pão de fórma.

Mas esse, ainda assim, seria um engano banal. Há muitos outros que podem ser cometidos por um locutor que, por exemplo, receba uma notícia urgente no meio de um noticiário ao vivo.

Obviamente, poderá se atrapalhar pelo fato de não ter feito uma leitura prévia do texto e acabará se confundindo devido à ausência dos acentos diferenciais.

Isto sem contar que até hoje muitas pessoas ignoram que o acento diferencial de pôde não caiu, exatamente porque é praticamente impossível adivinhar se aquilo a que estamos nos referindo se refere ao passado ou ao tempo presente.

O leitor poderá, portanto, errar na pronúncia se o tempo do verbo não estiver devidamente identificado pelo diferencial.

Já a crase não muda em nada. Tanto que as pessoas costumam errar, quase unanimemente, o emprego da crase. E, mesmo assim, a frase será entendida.

Será que os intelectuais a quem se atribuiu a função de legislar sobre o idioma mantiveram a crase por simples capricho?

Eles que nos respondam.

Por enquanto, o que estou tentando descobrir é como desativar o corretor ortográfico no meu celular.

Pode ser que eu já tenha descoberto até o momento em que vier a publicar novo texto em nosso site.

Até lá, fique à vontade para ler nossos artigos. Ou a vontade. Tanto faz. Você vai entender do mesmo jeito.

Sobre o Autor

Gerson Menezes
Gerson Menezes

Empreendedor digital com sites e com canais no YouTube de várias modalidades, Gerson Menezes decidiu reestruturar totalmente seu antigo site PegSeuEbook para focar em livros digitais cujo objetivo principal é a motivação para a transformação na vida das pessoas. Uma de suas prioridades é motivar as pessoas a descobrirem o potencial para a conquista de uma melhor condição de vida, em seu sentido mais amplo possível. (Leia mais sobre o Escritor no Menu do Rodapé deste site)

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